A Artrite Reumatoide (AR) é um doença reumática em que ocorre a inflamação das articulações, grandes e pequenas, habitualmente de forma simétrica, podendo levar à deformidades. É crônica, ou seja, não tem cura. Mas tem controle!
Estima-se que em Minas Gerais 0.46% da população apresente a doença, o que corresponde a mais de 96.000 pessoas apenas no nosso Estado. Nos países desenvolvidos chega a afetar 1% da população adulta. Ou seja, é uma doença comum.
Por que a Artrite Reumatoide acontece?
A imunidade é uma função de defesa do nosso organismo que conta com a participação de células e substâncias por elas produzidas.
No caso da Artrite Reumatoide, a imunidade passa a atacar algumas estruturas do nosso corpo, principalmente as articulações sinoviais, que são aquelas articulações revestidas por uma membrana (sinovial) e com presença de líquido.
Isso acaba levando à inflamação destas juntas, que ficam quentes, dolorosas e inchadas pelo aumento do líquido ali existente. Caso esta inflamação não seja tratada, pode ocorrer deformidade da articulação.
Na verdade, várias outras estruturas do corpo também podem ser afetados, como os olhos, pulmões, nervos, coração, pele, rins e até mesmo sangue. Porém, o que é comum mesmo é a inflamação das juntas.
Existe algum fator de risco para que ocorra?
A genética pode influenciar e muito para que uma pessoa desenvolva artrite, mas existem outros fatores que facilitam o início da doença, como algumas infecções virais, tabagismo, e doença periodontal.
A Artrite Reumatóide é doença de idoso?
A faixa etária mais comum em que se inicia é em torno de 30 à 50 anos, sobretudo nas mulheres, embora possa ocorrer em qualquer faixa etária, inclusive em crianças.
Ocorre mais comumente em mulheres, numa proporção de 2 para 1 em relação aos homens.
Quais são os sintomas da Artrite Reumatoide?
Os sintomas mais comuns são:
- dor e inchaço nas articulações, sobretudo de mãos, punhos, joelhos, tornozelos e pés
- rigidez nas articulações sobretudo no período da manhã
- fadiga, desânimo
De forma menos comum pode ocorrer:
- febre, emagrecimento, aumento do tamanho de linfonodos
- olho seco, boca seca
- falta de ar e tosse.
- dormências, formigamentos, manchas na pele.
Caso a doença não seja tratada adequadamente, as deformidades nas juntas começarão a ocorrer, levando a prejuízo das atividades com as mãos e da locomoção.
Como é feito o diagnóstico da Artrite Reumatoide?
O diagnóstico dessa condição se baseia primeiramente numa avaliação clínica minuciosa pelo Reumatologista, que vai avaliar quais são os sintomas apresentados, quando começaram e como têm evoluído, vai fazer um exame físico cuidadoso e pedir exames.
Além de exames gerais para avaliar o estado de saúde do paciente e seu grau de inflamação, são solicitados exames mais específicos, como o Fator Reumatoide e/ou o antiCCP, que auxiliam na confirmação do diagnóstico. Por vezes, a depender da avaliação clínica, alguns outros exames como o Fator Antinuclear são solicitados para avaliar potenciais diagnósticos diferenciais.
Atenção: nem toda Artrite Reumatoide apresenta Fator Reumatoide e antiCCP positivos.
Os exames de imagem como radiografia, ultrassonografia, ressonância e tomografia também podem ser indicados após uma avaliação individual, não sendo obrigatoriamente necessários para o diagnóstico.
A Dra Luiza Porto é reumatologista com mais de 10 anos de experiência no diagnóstico e tratamento de pacientes com Artrite Reumatóide, com atuação em diversos serviços públicos e privados. Uma avaliação e tratamento cuidadosos e individualizados podem garantir a qualidade de vida dos pacientes que tenham este diagnóstico.
Veja o que dizem os pacientes:
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Por que o diagnóstico precoce é tão importante?
Existe um conceito que chamamos de “janela de oportunidade”: é aquele período em que a doença está começando, em seu primeiro ano, e que não trouxe ainda deformidades. Chama atenção que neste período a resposta ao tratamento é muito melhor que no caso de pacientes com diagnóstico tardio, quando já existem sequelas. Isso ocorre pois o perfil das substâncias inflamatórias e das células nas juntas acometidas vai mudando com o tempo.
Ou seja: se tratado precocemente, a chance do paciente viver com muito mais qualidade de vida é bem maior!
Tem cura?
Não. A Artrite Reumatóide é uma doença crônica, sem cura, mas tem tratamento!
Como é o tratamento da Artrite Reumatoide?
Sendo uma doença autoimune, ou seja, que o próprio sistema de defesa ataca as juntas, o tratamento precisa de reduzir um pouco a imunidade. Por isso usamos medicações que são imunossupressoras.
Antigamente era comum o uso de antiinflamatórios, mas sabemos que estes não mudam a evolução da doença, sem contar que com frequência não resolvem os sintomas e ainda tem potenciais efeitos colaterais ruins.
Os corticoides ainda são utilizados, mas sempre pelo menor tempo e na menor dose possível, dando tempo para o esquema de tratamento imunossupressor fazer efeito.
Em relação aos imunossupressores, eles podem ser orais ou injetáveis, sintéticos ou biológicos, e tem sua indicação individualizada conforme o perfil do paciente e seu histórico de tratamento prévio. Não existe uma medicação única que funcione para todos. Por vezes é necessário troca do esquema terapêutico caso o paciente não apresente a melhora esperada.
Em alguns casos, medicações que atuam no controle da dor também podem ser indicadas.
Mas é só remédio?
Infelizmente todos os pacientes com Artrite Reumatóide precisam de medicação, e geralmente para sempre, pois é uma doença crônica.
Porém existem outras estratégias que podem e devem ser adotadas para auxiliar o tratamento:
- dieta saudável: rica em nutrientes, evitando alimentos ultraprocessados, açúcar e gordura em excesso.
- exercícios físicos para garantir uma boa musculatura no entorno da articulação
- fisioterapia, quando há necessidade de corrigir algum desequilíbrio muscular ou articular causado ou agravado pela artrite, bem como na manutenção da função articular
- terapia ocupacional, para adaptação de itens e atividades do dia a dia com objetivo de facilitar a vida do paciente e preservar sua função articular
- cirurgias de correção articular quando indicado.
- apoio psicológico: é sempre bem vindo, afinal não é fácil ter diagnóstico de uma doença crônica.
A Artrite Reumatóide mata?
A doença em si geralmente não é fatal. Porém complicações relacionadas a ela podem ocorrer e levar à morte.
Vale a pena citar aqui que doenças inflamatórias geralmente aumentam o risco cardiovascular, ou seja, o risco de ter um derrame ou infarto, por exemplo. Sendo assim, é necessário tratar com cuidado quaisquer condições que agravam esse problema, como colesterol alto, tabagismo, diabetes, hipertensão e obesidade.
Também vale citar que como o tratamento é com medicações imunossupressoras, existe sim um risco um pouco aumentado de infecções. Por isso, estratégias preventivas como a vacinação são extremamente importantes. E pode ter certeza: o risco de uma AR não tratada é muito maior que o risco do tratamento. Não precisamos de ter medo das medicações, mas sim da doença descontrolada.
Todos que tem Artrite Reumatoide vão ter deformidades?
Não! É possível evitá-las com tratamento adequado!
A Artrite Reumatóide dá direito à aposentadoria?
Caso a doença seja agressiva ao ponto de levar à alguma deficiência física, sim, poderia levar à desvios de função ou aposentadoria. Mas o tratamento precoce é muito importante justamente para evitar que isso ocorra.
É possível sim viver bem com a Artrite Reumatoide! Procure um Reumatologista!
SUGESTÕES DE LEITURA:
Cartilha de Artrite Reumatoide da Sociedade Brasileira de Reumatologia
Cartilha de Artrite Reumatoide inicial da Sociedade Brasileira de Reumatologia
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Tem um ano que fui diagnosticada está sendo muito difícil,são dores intensas ,não tenho força nas mãos, está atrapalhando o meu trabalho.